Tecnologia do Blogger.

sábado, 25 de junho de 2016

Pedro Brant

Brainstorm sobre distância


Já sentiu saudade de alguém? Procurou soluções para sumir com centenas ou milhares de quilômetros? Você não é o primeiro nem será o último a querer dar um jeito nisso. Mas ao mesmo tempo que várias pessoas buscam diminuir a distância usando artifícios como redes sociais, algumas pessoas tem o dom de aumentar distancias antes praticamente inexistentes.

A tecnologia permite que pessoas fiquem tão próximas quanto quiserem. Ao toque de um celular se é possível compartilhar momentos, ideias, fatos, músicas e vídeos. “Aquele vídeo engraçado? Ah, preciso mandar para aquela pessoa! Essa página com essa lista engraçado, tenho que mandar pra minha mãe!”

Mas estamos realmente nos aproximando? Quando pessoas na mesma casa chegam ao ponto de mandar uma mensagem ao invés de falar uns com os outros pessoalmente, isso não seria nos afastar?

A grande adesão de redes sociais em nossas vidas, nos permite alcançar um número infinitamente maior de pessoas. Mas apenas alcançar não gera uma interação. E interagir não significa formar laços. Para interagir é preciso se conectar ao outro num nível muito mais íntimo que o atual “aceitar solicitação”, e criar laços é muito mais que algumas frases trocadas numa tela.

Estamos vivendo majoritariamente dentro da rede, em amizades superficiais, e a parte mais grave disso é que achamos normal. As relações têm se degradado na mesma velocidade que novas redes sociais e aplicativos surgem pelo mundo. A falsa sensação de proximidade nos deixa cada vez mais longe, lendo as palavras do outro ou ouvindo sua voz por meio de gravações. A tal tela mágica que o celular tem se tornado nos abre a um novo mundo e nos fecha ao nosso próprio.

E aquelas relações não degradadas, mas que se mantem ou renascem graças a estas ferramentas, e telas mágicas? Amigos de infância que se reencontram, casais que se mantem juntos em países diferentes através dessa tela, filhos que veem os pais morando em outro estado, melhores amigos que não perdem contato quando tocam suas vidas. Estas são relações cujos laços são tão fortes, tão reais, que a distância não se torna empecilho, ela vira detalhe, que as redes sociais não se tornam meio de degradação, se tornam facilitador.

Mesmo assim, ainda que o celular esteja a menos de um braço de distância, isso nunca vai significar que aqueles que são importantes também estarão. Estamos apenas nos acostumando a enganar a saudade, ludibriando-a, usando de artifícios como ligações SMSs, Facebook e Skype. E vamos ficar assim até que a última bateria acabe a última tela apague.

Estamos todos a um celular de distância.

Fonte:best-and-worst-of-distance
Read More

terça-feira, 21 de junho de 2016

Pedro Brant

A Casa da Árvore

Aquela casa na árvore já estava mais para casa fantasma, com seus dois pequenos cômodos com todos os seus esconderijos e segredos. Há anos ela não convivia nenhuma gargalhada de criança, não era o ponto de nenhuma reunião secreta ou a base de nenhum vilão prestes a destruir o mundo.

Para qualquer um parecia agora apenas uma pilha de madeira esperando o fim de sua decomposição, mas não para mim. Eu apenas via ali um baú do tesouro, guardando tantas lembranças quanto possível. Eu vi tantas coisas acontecer ali naqueles galhos, batalhas interestelares entre diferentes raças e com as mais diversas armas e poderes, também houveram lutas medievais entre casas nobres e cavaleiros e cavaleiras honrados, várias dimensões diferentes, algumas das quais criadas apenas para aquela ocasião. Mas a maioria dessas histórias terminava com final feliz, mas algumas tinham, no fim, que sofrer intervenção de uma “entidade superior”, mas eu realmente quase nunca tinha que interferir.

Os anos foram passando e as lutas e dimensões foram ficando casa vez mais escassas. Mesmo que eu ainda tentasse estimulá-las a acontecer, elas naturalmente diminuíram. Até que vi os guerreiros abandonarem o campo de batalha das várias dimensões para irem a batalha da nossa dimensão.

Vi aqueles que achei que não cresciam, crescerem e irem ao mundo. Quando temos um filho nós acabamos emprestando um pedaço de nós, a questão é só que nunca mais pegamos isso de volta, eles ficam carregando para sempre esse pedacinho com eles, sem nem saberem que possuem com eles tal parte.

Ficamos procurando com o que preencher esse pedaço quando o vemos partir, e ver a casa da árvore desta forma só ajudou a aumentar a sensação. Foi então que, como pressagio, resolvi começar a reformar a casa da árvore. Estava só em casa, por seis meses, então vi minha grande chance.

Foi quase um semestre inteiro, pela primeira vez eu e a casa da árvore tínhamos um segredo só nosso. Reformar cada madeira, cada cômodo, sem perder a essência, sem matar nenhuma lembrança, sem revelar nenhum segredo que havia sobrevivido por todos esses anos, isso sim foi uma tarefa quase impossível.

Terminei. Minha tarefa de aposentado, bem a tempo de surpreender cada um deles. O almoço de natal em família está quase aí e até o papai vai vir. Está acabando a pós e ele chegará também a tempo. Já imagino a cara deles.

O grande dia, engraçado como cada um deles já esqueceu da existência da casa da árvore, estão tão presos nesta dimensão que se esqueceram de todas as ameaças que eram combatidas ali. Estávamos ali, já de barriga cheia, ao redor da mesa. Meu momento perfeito de chamar todos para sentar no quintal, afinal tá um sol lindo.

Queria ter tirado uma foto das caras deles, os cinco desligaram dessa dimensão e é como se tivessem entrado naquele turbilhão de lembranças que eu fiquei marinando por meses enquanto reformava a casinha. Nos abraçamos por um minuto que parecia eterno. Ouvi um obrigado pai, seguido daquela que seria a única surpresa que não esperava naquele momento, você vai ser um ótimo vô.

Vô. Olha só, não reformei a casa da árvore pra mim, reformei para o meu neto. Uma daquelas grandes coincidências da vida. 

Parece que verei novas aventuras em breve.

Fonte: itsmyhouse
Read More

sábado, 18 de junho de 2016

Pedro Velloso

Brainstorming sobre honestidade


Hoje fui pagar 1 real que fiquei devendo na farmácia. Era só um real, mas eu ouvi "Nossa! Que raro. Geralmente ninguém volta".

Chegamos ao meu ponto, dessa vez bem rápido. Estamos tão acostumados com a desonestidade, com a vontade de ganhar em cima de todos ao nosso redor, que é estanho ver alguém sendo honesto e ajudando o outro. Chegamos ao ponto de hipocrisia que a desonestidade soa como honestidade e que atos honestos geram desconfiança.

Isso me lembrou de quando eu era criança que achei uma carteira cheia de dinheiro perdida na escada do prédio de minha tia. Levei a carteira ao porteiro e pedi que ele achasse o dono. Quando contei em casa meu pai ficou perplexo, indignado ele disse que eu devia ter ficado com o dinheiro e que era óbvio que o porteiro iria roubar a carteira para ele agora e que o dono não receberia a carteira mesmo. Dois pontos podem ser vistos nessa história: Primeiro, o dinheiro não era meu e podia estar fazendo falta para alguém. Segundo, que raios é essa história de sempre achar que o outro é desonesto, o porteiro pode muito bem ter achado o dono, uma vez que ele conhecia todo o prédio melhor que ninguém.

Todos reclamam de corrupção e dos problemas do nosso pais, mas por que não começar parando com a sua própria corrupção? Aqueles pequenos atos como provar uma fruta no mercado antes de pesar, não devolver o troco recebido errado, não avisar quando o operador passar o produto a menos, devolver aquela moeda que uma pessoa derrubou.

Deveríamos parar para ajudar alguém que precise de qualquer, seja abrir um saco de verdura para uma mãe com o filho no colo, pegar um papel no chão para uma pessoa com dificuldade para abaixar, dar um moletom velho que você nem usa mais para alguém que precisa. Hoje, com a nossa cultura de jamais ajudar o outro, quando você se prontifica a ajudar, é prontamente encarado e julgado, consequentemente, inibido.

Precisamos para de procurar um "jeitinho" de resolver problemas, avisar quando receber o troco errado, para procriarmos uma cultura que permita que tenhamos um mínimo de confiança na pessoa ao lado. Mudando nós mesmos, mudamos o paradigma que rege esse pais, mudando como nós comportamos faremos a próxima geração ser diferente, ou no mínimo ver um mundo em mudança para melhor.

Nada mudará sozinho. Temos de ter a coragem de mudar a nós mesmos e não buscar mais jeitinhos, parar de fingir que esqueceu de pagar o um real que faltou na hora de pegar o remédio na farmácia. Porque, simplesmente, honestidade não deve ser qualidade, mas sim um valor, e esse valor deve ser levado para sempre e passado de geração para geração. Não desista quando parecer que está tentando enxugar gelo, pois realmente estará, estaremos todos, mas com as mãos necessárias podemos secar o Alaska se quisermos.

Pequenos atos, juntos somam grandes mudanças, e no fim só depende de cada um.

Fonte: Culturamix

Read More